O luar daquela noite parecia mais intenso que o habitual. Havia algo na forma como a claridade prateada se espalhava pelos campos e penetrava na fortaleza, tingindo as pedras antigas com reflexos quase vivos. Aurora, que sempre tivera uma conexão única com a Lua, sentia uma inquietação que não sabia nomear.
Do quarto de Caelum vinham risadinhas abafadas. A rainha se aproximou de mansinho e abriu a porta com cuidado. Lá estava ele, sentado no chão, com pergaminhos espalhados e Lyra ao lado, os dois mergulhados em desenhos que mais pareciam sonhos esculpidos em linhas tortas.
— E este é o meu lobo — Caelum mostrou, orgulhoso, um desenho ainda infantil, mas cheio de energia.
Lyra sorriu, tímida, e colocou o dela ao lado: um lobo de olhos brilhantes, traços firmes, como se estivesse pronto para saltar do papel.
— O seu parece livre — ela disse. — O meu parece… preso.
Aurora observou a troca silenciosa de olhares entre os dois. Não havia como negar: a Lua já tecia seus próprios fios ali, p