A floresta parecia dormir, mas Aurora não. Havia dias que sua alma oscilava entre a sombra e a luz, entre o que lembrava ser e o que estava se tornando. O treinamento da Matilha da Lua Negra a forjava como ferro sob fogo. A dor era constante, os limites, testados a cada passo. Mas nada era pior do que o vazio que crescia dentro de si.
Não o vazio da ausência.
Era... poder.
Poder que pulsava, se retorcia por baixo da pele. E que, naquele instante, ameaçava escapar.
Aurora andava em círculos entre as árvores antigas, sentindo o peso do mundo nos ombros. O frio da noite colava-se à pele úmida de suor, os olhos marejados, o peito em guerra.
Ela parou, pressionando o ventre.
Um leve calor subiu por dentro, como uma carícia... mas logo se tornou uma pressão brutal. Como se algo dentro dela se recusasse a ficar em silêncio.
— O que você está fazendo...? — sussurrou, os olhos arregalados.
E então veio o grito.
Não o dela.
Mas do bebê.
Um rugido mudo, um eco ancestral, atravessou o corpo de Aur