Mansão Principal - Los Angeles.

O dia na mansão Backer começava cedo.

Eram seis da manhã, quando meus saltos ecoaram pelo chão impecável do corredor restrito.

Dei apenas duas batidas antes de bater a porta, vendo Cleo Backer, a magnata, virada de costas para a porta encarando a vista pela janela.

—Senhora Backer, vim reportar a agenda. – Falei a vendo se virar para me olhar, com um sorriso que não chega aos olhos.

—Sempre pontual. Nem um segundo a mais, nem um a menos. – Disse ela com um tom de voz baixo e carregado de poder;

Negócios. Apenas negócios.

Eu entrei no quarto e encostei a porta atrás de mim, ouvindo o baque baixo ecoar por todo cômodo. E como sempre, desviei o meu olhar, encarando a tela do tablet em minhas mãos.

—As oito, reunião com o grupo Ventura no Oasis Hotel. Ao meio-dia...- Antes que eu continuasse a falar, ela me interrompeu:

—Eles já chegaram?

A pergunta ecoou por todos os meus sentidos.

Respirei fundo, colocando a tela do tablet contra meu corpo.

—Faltam uma hora e meia, senhora.

Assim que falei, um sorriso genuíno surgiu em seu rosto.

—ótimo. – Respondeu ela, se desgrudando do lugar, vindo até mim. —Vamos tomar o café enquanto faço a reunião. Em seguida, mande Samuel o buscar. Enquanto isso, peça que ajeite o quarto de Benjamin. Você...

Ela se virou para mim, apontando o dedo e eu assenti, já pegando a pergunta dela no ar.

—Sim senhora. O quarto do seu neto já está arrumado.

—Perfeito! -Respondeu ela, amarrando o roupão de seda, passando por mim pela porta como se eu fosse invisível.

Ela sabia que eu a seguiria.

Meus passos ecoaram com rapidez atrás dela e então, como se ela contasse os segundos, continuou a falar.

—Lembre-se de escolher o menu do almoço. Mark e Benjamin não comem frutos do mar.

—Sim senhora, já r4esolvi tudo. Vamos para o restaurante do Cheff Jeremy.

Ela se virou antes de d3escerr as escadas e me olhou, me lançando um sorriso.

—Ótimo. O preferido de Mark. Cancele a reunião do meio-dia e reagende para amanhã.

Eu assenti com um simples balanço de cabeça.

—Sim senhora.

Ela me olhou como se estivesse satisfeita e desceu as escadas, indo em direção a mesa de jantar.

Lá, havia duas mulheres ao lado da mesa a aguardando. Uma delas era minha mãe, Glória.

Com seu uniforme impecável, sua olheira escura, mas ainda com um sorriso nos lábios, a servindo como se Cleo Backer fosse a rainha de todo continente americano.

E então, a voz da senhora Backer soou com um tom falsamente doce, tomando a atenção de todos.

—Glória, sua menina é tão eficaz. Cinco anos ao meu lado como minha assistente pessoal e eu nunca mais quis outra. – Dizia ela, saboreando seu iogurte.

Minha mãe sorriu enquanto a servia, mas seus olhos pousaram em mim brevemente.

—Sim, senhora Backer. Ela é. – Respondeu minha mãe com sinceridade, mas seu tom saiu cauteloso.

Ela sabia.

Ninguém falava sem a permissão com um olhar.

Somente o básico.

O café da manhã continuou a ser servido.

Depois que a senhora Backer se sentiu satisfeita, sem nenhuma palavra, ela se levantou e arrastou a cadeira sem perder a elegância, limpou os lábios e saiu.

Meus olhos passaram rapidamente pela minha mãe e a outa funcionária que estava na ponta da mesa, antes de eu me mover e ir atrás dela.

Apressei meus passos e voltei a caminhar ao lado dela, quando de repente ouvi a notificação no tablet.

—Senhora Backer...- Chamei baixo a vendo congelar o passo. E o corpo todo.

Ela se virou lentamente para me olhar e um lampejo de alívio percorreu seus olhos.

—Você já sabe o que fazer. – Disse ela, fingindo uma animação que não existia.

Eu assenti e caminhei rumo a porta, voltando a encarar aquelas palavras no eletrônico que eu abraçava contra o meu corpo.

Um arrepio envolveu o meu corpo, junto a um frio na barriga ao ler aquelas palavras:

“Eles chegaram”.