Giulia (Alguns Dias antes)

A luz suave da manhã escorria pelas frestas da cortina, pintando o quarto com tons dourados. O silêncio era denso, quase sagrado, como se o mundo lá fora estivesse esperando o despertar dela. Giulia dormia profundamente, os cabelos bagunçados pelo travesseiro, a respiração calma. Seus traços pareciam mais leves naquele momento, como se o peso dos últimos dias tivesse desaparecido, ao menos por algumas horas.

Enrico entrou devagar. Carregava uma bandeja com o café da manhã. A camisa branca, justa nos ombros e no peito, contrastava com a calça escura. As mangas estavam dobradas, revelando os antebraços fortes. Ele caminhava com firmeza, mas em silêncio — como alguém que aprendeu a andar com cautela mesmo dentro da própria casa.

Colocou a bandeja sobre a cômoda, ajeitando as coisas com precisão: uma tigela com frutas frescas cortadas à mão, um chá de camomila ainda fumegante, uma pequena fatia de pão com geleia artesanal. Cortou os morangos do jeito que ela gos