Donatela
O sol do meio-dia parecia zombar da fúria que Donatela sentia enquanto abria a porta da casa com um estrondo. Os saltos batiam firme no chão de madeira, cada passo carregado de frustração. Jogou a bolsa no sofá, arrancou os óculos escuros com força e soltou um palavrão baixo.
— Três dias! Três malditos dias tentando entrar naquela casa — murmurou, andando de um lado pro outro. — E nada. Nada!
Subiu apressada as escadas até o segundo andar. Victorio, que estava escondido ali desde que Giulia quase foi envenenada, apareceu na entrada do corredor. O rosto cansado, barba por fazer, os olhos pesados de desconfiança.
— O que houve agora? — perguntou, seco.
— Os seguranças do Enrico. Nem me deixaram encostar no portão. Disseram que estou proibida de entrar. Nem me olharam nos olhos!
Victorio desceu os dois degraus que separavam o corredor da escada, com a expressão cada vez mais fechada.
— Eles sabem, Donatela.
Ela parou no meio do corredor e o encarou.
— Sabem o quê?
— Sabem que os