Waleska Velasco
Acho que não dormi, e sim hibernei. Já eram duas horas da tarde e minha mãe provavelmente já deveria ter ido sozinha ao mercado. Não adiantava pedir para dona Gioconda me acordar, porque ela nunca o fazia.
Coisa de mãe.
Mal saí do quarto e Asunta me bombardeou com todo seu amor de irmã. Contou que nossa mãe havia passado mal, que a trouxeram para casa e, logo depois do sermão, fui até a cozinha. Pelo que parecia, ela estava bem, graças a Deus. Minha mãe sofria de obesidade, diabetes e pressão alta — uma combinação que acaba com o organismo de qualquer um, enfermidades que podem levar a problemas ainda mais graves.
Insatisfeita com a situação, fui até a sala tirar satisfação com o homem que deveria tê-la ajudado. Meu pai. O homem que despejava toda a sua folga no sofá, enquanto minha mãe trabalhava em casa. Asunta e eu nos ocupávamos com os negócios, e ele fingia que trabalhava na vinícola.
Fingia de verdade, pois nada fazia.
— Pai, por que o senhor não ac