Charlotte

O silêncio da minha casa parecia mais alto depois daquele encontro. Era como se as paredes estivessem carregadas com tudo o que eu não disse. Com tudo o que eu disse e doeu.

Afundei no sofá com um suspiro pesado, as mãos acariciando a barriga, que já se movia com mais frequência. Meu bebê estava crescendo. E eu… eu precisava crescer com ele. Forte. Serena. Mesmo que por dentro eu estivesse despedaçada.

Clara apareceu pouco tempo depois, com aquela delicadeza de quem sabe exatamente quando a gente precisa de colo.

— Tá tudo bem? — ela perguntou, já sentando do meu lado e segurando minha mão.

Demorei um pouco pra responder. Olhei pra ela e os olhos se encheram d’água.

— Ele descobriu tudo, Clara. A verdade. A armação. Que o filho é dele. Tudo.

Ela franziu a testa, surpresa.

— Como assim? Como ele descobriu?

— Olivia surtou — suspirei. — Jogou tudo na cara dele, como se fosse um troféu. Como se tivesse orgulho do que fez.

— Aquela cobra… — ela murmurou entre os dentes. — E ele?