A casa estava limpa. Finalmente.
Mas ao invés de me trazer algum alívio, aquilo só serviu pra escancarar o vazio.
Andei devagar pela sala, o chão brilhando sob meus pés descalços. As garrafas tinham sumido, os papéis também. A diarista que Maya contratou – e que eu paguei uma fortuna porque, segundo ela, “nem mesmo a zona de guerra que vi no Líbano parecia tão caótica” – deu conta do serviço. Ela foi embora resmungando, mas deixou o apartamento irreconhecível.
O sofá não tinha mais manchas. A mesa de centro estava no lugar. As janelas abertas deixavam o sol entrar, e eu devia estar grato por isso. Mas não estava. A ordem do lugar fazia contraste demais com a bagunça que ainda existia dentro de mim.
Me joguei no sofá, olhando para o teto. Tudo parecia mais claro. E insuportavelmente frio.
Ela sempre deixava o ambiente mais quente. Ela fazia isso com um sorriso, com um toque, com a voz. E agora…
Agora só tinha silêncio.
Levei a mão até o rosto e suspirei com força. Estava tentando re