26.0 - Eu queria odiá-la

A casa estava limpa. Finalmente.

Mas ao invés de me trazer algum alívio, aquilo só serviu pra escancarar o vazio.

Andei devagar pela sala, o chão brilhando sob meus pés descalços. As garrafas tinham sumido, os papéis também. A diarista que Maya contratou – e que eu paguei uma fortuna porque, segundo ela, “nem mesmo a zona de guerra que vi no Líbano parecia tão caótica” – deu conta do serviço. Ela foi embora resmungando, mas deixou o apartamento irreconhecível.

O sofá não tinha mais manchas. A mesa de centro estava no lugar. As janelas abertas deixavam o sol entrar, e eu devia estar grato por isso. Mas não estava. A ordem do lugar fazia contraste demais com a bagunça que ainda existia dentro de mim.

Me joguei no sofá, olhando para o teto. Tudo parecia mais claro. E insuportavelmente frio.

Ela sempre deixava o ambiente mais quente. Ela fazia isso com um sorriso, com um toque, com a voz. E agora…

Agora só tinha silêncio.

Levei a mão até o rosto e suspirei com força. Estava tentando re
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