Cap. XXIV - Nem Toda Dor Sangra
Em nenhum momento houve uma briga de fato, mas ambos agiram como se tivesse acontecido. Lia permaneceu enclausurada no quarto até o crepúsculo. Em algum momento da tarde, ela treinou sozinha até sua energia se esgotar por completo. Coincidentemente, Noah também tentou esvaziar os pensamentos da mesma forma.
Mas o vazio não silenciava tudo. Ao fechar os olhos, Noah revivia o momento em que disse aquelas palavras que segurou por tanto tempo. Aquela culpa silenciosa doía mais do que qualquer discussão. Não havia gritos nem acusações — apenas ausência. Nem tudo precisava ser dito para ser compreendido, mas o silêncio entre eles era barulhento demais para ser ignorado.
Aquilo lhe trouxe uma lembrança: os dois lado a lado, dias atrás, tentando melhorar a mesma habilidade sob a luz do sol poente. O sorriso de Lia quando Noah acertou o movimento — e o orgulho que ela sentiu ao vê-lo imitá-la à perfeição. Agora, esse laço parecia esquecido.
Na manhã seguinte, a chuva persistia. Lia