Leonardo estacionou o carro no estacionamento do hospital, e os dois saíram do carro.Ao entrarem no hospital, seguiram direto para o setor de internação, onde perguntaram na recepção qual era o número do quarto e logo foram em direção a ele.Leonardo, seguindo Isabela, resmungou:— Você é advogada, não detetive, por que está agindo como se estivesse investigando um caso?Isabela olhou para o número do quarto na porta e respondeu, sem desviar o olhar:— A narrativa dos envolvidos sempre tende a ser vantajosa para eles. Então, a gente precisa entender todos os detalhes para tomar a decisão certa.Leonardo a observou, achando que ela tinha razão.Isabela logo encontrou o quarto. Ela olhou pela janela de observação na porta e viu que havia alguém dentro.Levantou a mão e bateu na porta.A mulher que estava sentada ao lado da cama se levantou e foi até a porta. Ao ver Isabela, a olhou de cima a baixo e perguntou:— Quem é você?— Sou a advogada do Sr. Jacarias, vim conversar com a Srta. Ju
A garota continuou em silêncio.Com a expressão vazia, olhou para Isabela e curvou levemente os lábios num sorriso sarcástico.Era como se dissesse: "Você está aqui para defender aquele monstro, né?"Isabela entendia o que ela estava sentindo.Não se apressou e falou com uma calma gentil:— Se você conseguir apresentar provas da sua primeira acusação... Aquela que você mencionou na carta, dizendo que era muito pequena e não se lembrava direito, isso pode agravar o caso. Naquela época, você era só uma criança, e se houver provas válidas, a pena dele pode ser mais pesada.Mas a garota não reagiu. Continuava alheia a tudo.Isabela pensou que talvez ela só precisasse de silêncio. Se continuasse insistindo, provavelmente não conseguiria nada.Ela suspirou, meio sem saber o que fazer.Foi naquele momento que a porta do quarto se abriu de repente.A mãe da garota havia voltado.Ela tinha saído do hospital, mas, ao perceber que tinha esquecido a bolsa no quarto, voltou para buscar.Ao abrir a
— Tudo bem.Isabela imediatamente deu meia-volta e entrou no quarto.Mas a mulher a impediu de se aproximar.— Minha filha precisa descansar, por favor, não a incomode.— Você não ouviu agora há pouco? — Isabela retrucou. — Ela disse que quer conversar comigo. Você está com medo do que ela possa contar? Tem medo de que ela diga algo que te comprometa?— Eu sou a mãe dela! Por que eu machucaria a minha própria filha?! — Rebateu a mulher, com arrogância.Isabela a encarou com frieza, o olhar carregado de firmeza.— Se você a ama tanto assim... Por que ficou com os bens dela? E se ama de verdade, por que quis abandonar ela?O rosto da mulher mudou de cor num instante, uma mistura de vergonha e raiva.— Aquele desgraçado está me difamando! Eu jamais pensei em abandonar ela!Isabela observou a afobação da mulher, mas falou com calma:— Se é verdade ou não, você sabe bem.A mulher ficou visivelmente irritada.— Já que você ama tanto sua filha, e ela quer falar comigo, por que está tentando i
— Ela não falou nada. — Isabela disse.A mulher ficou olhando para Isabela por alguns segundos, com um sorriso no canto dos lábios, parecia que o que ela disse entrou nos ouvidos da filha.— Agora vocês podem ir embora? — A mulher levantou uma sobrancelha e ficou encarando Isabela.Isabela olhou para a garota, se virou e saiu do quarto.Pela porta, Leonardo entrou correndo. Ao ver Isabela, logo reclamou:— Ela me mordeu!Isabela o puxou para sair.Leonardo resmungou, em tom de reclamação:— Você não vai fazer nada por mim?— Fazer o quê? Eu vou lá e dou uma surra nela? Você acha que estamos certos? — Isabela perguntou.— Mas... — Leonardo respondeu. — Não posso simplesmente deixar ela me morder assim!— Então você vai lá e morde de volta. — Isabela disse.Leonardo ficou sem palavras.Isabela, que não era insensível, falou:— Deixe eu ver.Leonardo estendeu a mão para ela, mostrando uma marca de dente bem visível em seu dorso, que estava começando a sangrar um pouco.Isabela ficou surpr
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar