Os dias seguintes foram uma mistura confusa de emoções e silêncios. Enzo tentava agir como se nada tivesse mudado entre nós, mas eu já sabia reconhecer quando ele estava se forçando a parecer calmo.
E, para ser sincera, eu também tentava fazer o mesmo.
Era como se uma energia invisível nos cercasse toda vez que estávamos no mesmo lugar. Uma força que me puxava para perto dele, mesmo quando o bom senso gritava para ficar longe.
Naquela manhã, a aula parecia mais arrastada que o normal. Eu não conseguia me concentrar. Tudo o que conseguia sentir era o peso do olhar de Enzo sobre mim. Discreto, mas constante. Cada vez que eu erguia os olhos, ele desviava — rápido demais para ser coincidência.
Clara cutucou meu braço e sussurrou:
— Vocês dois vão explodir essa sala qualquer hora dessas. A tensão tá quase visível.
— Clara… — murmurei, tentando esconder o sorriso nervoso. — Você fala demais.
— E você sente demais, — retrucou ela, baixinho. — E o pior é que ele também sente. Só finge que não