O tempo não cura tudo. Às vezes, só disfarça o que continua sangrando por dentro.
Desde o ataque, nada parecia igual. Acordava suando frio, sentindo o coração acelerar sem motivo, e o mesmo cheiro — madeira, chuva e algo que queimava suavemente — invadia minha mente antes mesmo de abrir os olhos.
Era o cheiro dele.
De Augusto.
Por mais que eu tentasse me convencer de que era só o trauma, que tudo o que aconteceu naquela noite tinha me deixado sensível demais, havia algo diferente. Eu sentia quando ele estava por perto — antes mesmo de vê-lo. Era como se o ar mudasse, como se o lobo dentro de mim levantasse a cabeça e respirasse mais fundo.
E isso me assustava.
Naquela manhã, a faculdade estava cheia de vozes, risadas, e o barulho constante de passos apressados. Tentei me perder entre elas, misturar-me na normalidade. Mas bastou um único segundo.
Ele entrou.
Augusto.
Jeans escuros, camiseta simples, e aquele sorriso preguiçoso que fazia metade das garotas da sala suspirar. Parecia alhe