Capítulo 4

Medicado, Nick sentou na cadeira de roda motorizada e saiu do quarto pela primeira vez após voltar do hospital. Ele desceu a rampa construída ao lado da escada e saiu para o jardim. Ao lado dele, Mel estava emburrada.

Ele respirou ar fresco e parou com a cadeira na área externa da mansão, perto da piscina. Mel sentou na cadeira de uma das mesas e tomou um gole de suco de laranja.

- Você terá uma vida fácil aqui, barril destampado.

Mel encarou Nick.

- Por que me beijou?

O garoto sustentou o olhar curioso da enfermeira. Ele respondeu com um sorriso torto.

- Eu sou um hétero top que gosta de loira magra de olhos azuis. Mas eu teria que estar morto para não reagir a uma vagina cheirosa na minha cara.

- Mesmo sendo preta?

- Meu pau não conhece cor quando eu deixo a minha mente livre para sentir.

Pensativa, Mel olhou para a piscina e levou o canudo preto na boca. Ela não costumava se importar com o seu peso, mas pensou como seria ter um corpo mais atraente.

Ela não percebeu, mas o garoto ao seu lado, olhava para os seus lábios. Nick só estava esperando outra chance para saborea-los com vontade. Ele olhou para as próprias pernas, e desejou poder andar novamente.

Durante o almoço na sala com portas de vidro para o jardim, Helena olhou para Nick na mesa e agradeceu aos céus por aquele verdadeiro milagre. Ao lado dele, Mel devorava a comida feita em grandes quantidades.

A enfermeira negra era aquele tipo de pessoa que você conhece, e pensa que já são velhas amigas. Helena estava mais tranquila para viajar e deixar o filho aos cuidados de Mel. Nick não era o tipo de garoto que se interessava facilmente por alguém. Por isso, mesmo que ele não soubesse, Helena sabia. Mel tinha chamado a atenção dele.

Enquanto comia a sobremesa, doce de abóbora com coco, Mel disse sorrindo para Helena:

- Eu tenho que ir até a minha casa para pegar um pijama e objetos de uso pessoal. Eu não vim preparada para passar a noite.

- Tudo bem. O meu vôo é às dezoito horas. Daqui de Beverly Hills até a sua casa em Santa Bárbara, são duas horas para ir e duas para voltar. Por que você não se muda para cá?

Mel engasgou. Nick deu um tapa nas costas dela e concordou com a mãe.

- Eu preciso de ajuda para colocar o pijama e acordo várias vezes a noite para fazer xixi.

Mel desdenhou com uma careta. Para quem estava mijado e cagado, Nick ficou asseado muito depressa.

Ela olhou para Helena.

- Eu gosto de dirigir. Eu não importo.

Nick riu.

- Prefere gastar dinheiro com gasolina do que com comida, Moby Dick?

- De onde você tira tantos apelidos?!

Mel perguntou brava. Entretanto, ela amoleceu quando Nick passou o dedo polegar no lábio inferior dela e limpou um pouquinho de doce de abóbora que tinha ficado ali. Ele chupou o dedo e sorriu com inocência.

- Tem uma coisa sobre mim que você deve saber. Se eu implico com alguém, é porque eu gosto de ver a pessoa brava.

Em momentos como aquele, Helena se orgulhava da sua cria. Ela deu o ultimato.

- Bem vinda à sua nova casa, Mel. Eu vou pedir para um dos seguranças te acompanhar e ajudar na sua mudança.

Mel afundou na cadeira. Ela tinha se metido em uma grande furada.

Depois do almoço, Nick voltou para o quarto, escovou os dentes e deitou na cama. Ele podia fazer muitas coisas sem ajuda, usava a força dos braços para erguer o corpo da cadeira de rodas e podia sentar na cama, apoiar as mãos no colchão e usar o bumbum para se arrastar até a posição que queria ficar.

As pernas musculosas eram um peso morto que ele tinha que posicionar com as mãos. Ele foi acostumado a ter tudo pronto e cuidar de si mesmo, era uma tarefa árdua. Coisas simples do dia a dia, se tornaram mais demoradas para serem realizadas.

Nick podia tomar banho sozinho, tirar a roupa e se vestir sem precisar de um enfermeiro. Ele era perfeitamente capaz de pegar um copo de água e tomar os remédios, assim como, cortar o próprio cabelo e fazer a barba pela manhã.

Entretanto, Nick se sentia desmotivado. Para que cuidar da sua aparência se não iria sair de casa ou receber amigos? Para que tomar banho se iria continuar na cama? Para que se dar ao trabalho de ir no banheiro, se teria que ir novamente?

Ele era uma mistura de sentimentos. A sua vida tinha acabado, e era inútil fingir que um dia voltaria a dirigir, sair, fazer faculdade, se tornar capitão do time de futebol e pegar a garota mais bonita da turma.

Nick se convenceu de que pessoas como ele, sem perspectiva de vida, de um futuro, tinham que viver do jeito que bem entendessem. Ele só queria ficar largado na cama, sem ninguém por perto e no escuro. Era um direito dele, e deveria ser respeitado.

Às vezes, entrava no Pornhub para bater uma punheta e estava tudo bem. Ele não estava pedindo muito, só paz. E ele teria conseguido se livrar de Mel, se ela não tivesse tido a audácia de, praticamente, sentar na cara dele.

A boceta gorda, quente e cheirosa, fez Nick ter uma ereção violenta e inevitável. Ele não sentia atração por negras, ainda mais, por uma gorda.

Mas a verdade, era que Nick estava tão carente, tão necessitado de um pouco de atenção que ele gostou de ter alguém para enfrenta-lo.

Sua mãe viajava na maior parte do tempo, seu pai deveria estar comendo alguma garota da idade dele, e Nick se sentiu menos miserável por Mel o tratar sem um pingo de piedade.

Ele nunca iria admitir, mas precisava de alguém que o lembrasse o quanto era bom estar vivo. Mel exalava vida, não era nada feia de rosto e tinha uma língua tão afiada quanto à sua fome.

Em sua mente, Nick já pensava no que fazer para ter a hipopótamo na sua cama. Ele adormeceu com um sorriso safado só de imaginar a cara que ela faria, quando ele a beijasse novamente.

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