Theo
A Ferraz Industrial fervilhava como sempre quando entrei, mas hoje os olhares que me seguiam eram diferentes. Desde que comecei a chegar cedo, a participar das reuniões, a cuidar do negócio como nunca antes, o burburinho mudou.
— Theo.
Roberto estava à minha porta, os olhos escaneando-me como se buscasse vestígios do filho irresponsável que eu costumava ser.
— Pai.
— Você sumiu no almoço.
— Assinando contrato de aluguel. — Dei de ombros, passando por ele para pegar a pasta da reunião. — Eu me mudo semana que vem.
O silêncio atrás de mim foi mais revelador que qualquer protesto. Quando me virei, Roberto tinha a expressão de um homem que finalmente entendia que o jogo mudou.
— Sua mãe não vai gostar.
— Ela já não gosta de nada que eu faço. — Sorri, sem humor. — Pelo menos agora terei privacidade.
Cansei de ouvir minha mãe fazer insinuações sobre a “garota de outra classe”. Cansei de fingir que está tudo bem quando ela desfere veneno atrás de sorrisos platinados. E, principalmente,