Clara
A empresa estava em silêncio.
Depois do expediente, o prédio da Ferraz parecia outro, como se o ar ficasse mais pesado e os corredores mais longos. Apenas o som ocasional do meu teclado e o zumbido do ar-condicionado quebravam a monotonia. Eu deveria estar exausta, e estava, mas alguma parte de mim se recusava a deixar aquilo para depois.
Theo tinha me confiado uma missão. E se ele estava preocupado, eu também estava.
Informações desencontradas, movimentações financeiras que não batiam, relatórios antigos que pareciam ter sido “ajustados” ao longo dos anos. Theo levantou suspeitas sobre investimentos que a diretoria aprovou, mas cujos resultados nunca foram devidamente contabilizados.