A noite na fazenda parecia comum à primeira vista. A mesa do jantar estava posta com cuidado: pratos de cerâmica artesanal, pão recém-saído do forno, travessas fumegantes com carne assada, legumes e arroz amanteigado. O aroma aquecia o ambiente, mas o clima carregava tensão sutil — como um fio invisível esticado entre os presentes.

José, sempre com o olhar doce, ajudava a pequena Carolina a segurar os legumes com o garfo. Ela sorria, orgulhosa de cada pequena conquista, enquanto Nina, mais velha, pedia por mais suco de uva. Sofia, solícita, servia a filha tentando manter o sorriso no rosto, mesmo com os pensamentos distantes e o peito apertado.

Bruno chegou a tempo. Tirou o casaco com discrição e se sentou ao lado de Clara, trocando com ela um aceno educado. Clara, como sempre, estava impecável e atenta aos olhares — especialmente aos de João, embora disfarçasse.

Leonardo, ainda adaptando-se ao peso do sobrenome Duarte e às formalidades da casa, observava tudo em silêncio. Ao lado del