A mesa estava posta com o cuidado habitual de Gertrudes. Ana servia os netos com um sorriso discreto, e José ajudava Nina a cortar um pedaço de carne. Clara, visivelmente incomodada, mantinha o olhar baixo, enquanto Augusto tentava puxar conversa sobre a próxima visita dos Marcondes. João, em silêncio, mexia o arroz no prato.
Amanda chegou por último. Usava um vestido escuro, os cabelos presos e o olhar firme. Sentou-se, agradeceu o jantar com educação, mas o silêncio que pairava era pesado demais para não ser percebido.
— O que houve? — perguntou Ana, tentando quebrar a tensão.
Ninguém respondeu de imediato, até que Clara soltou, sem olhar para ninguém:
— Às vezes, a verdade escapa por entre as frestas. E quando escapa... fere.
Amanda virou o rosto para Clara e, com uma calma que deixava no ar a força de suas palavras, falou:
— Se você está se referindo a mim e ao João, Clara... então escute bem.
Todos pararam. Nina observava, curiosa, mas José logo se apressou em distraí-la.
— Não s