Após o café da manhã, na sala de leitura
A casa esvaziava-se lentamente, os sons de passos subindo escadas, copos sendo levados por Fátima, e o som da chaleira ao longe. Na sala de leitura, onde os primeiros raios de sol filtravam pela janela, Augusto acomodou-se numa poltrona de couro envelhecido. Ana entrou com um livro nas mãos, mas parou ao vê-lo pensativo, o olhar preso ao nada.
— Ana — começou ele, em voz baixa, como quem hesita entre a culpa e a lógica —, colocar Valéria na empresa não foi apenas pela amizade com Ivo... embora isso pese. Foi também uma forma de manter João distante da Amanda. Eles... estão ficando próximos demais.
Ana fechou o livro devagar e o colocou sobre a mesinha de chá. O silêncio entre eles durou alguns segundos antes de ela responder, firme:
— Isso não vai dar certo, meu amor. Você sabe disso. Se Amanda descobrir que foi manipulação sua, ela não vai te perdoar.
Augusto desviou o olhar, apertando os dedos no braço da poltrona.
— Eu só quero proteger ess