Ao terminar de falar, Liandra soltou o ar como quem entrega a última parte da própria força.
Ela então deitou novamente, virando o rosto para o lado da janela.
O corpo pequeno, encolhido, retraído.
Rafael ficou ali, sentado na beira da cama, sem saber onde colocar as mãos.
Foram minutos longos.
Silenciosos.
E, pela primeira vez desde a infância, os olhos dele marejaram.
Rafael piscou várias vezes, tentando conter.
Tentando segurar.
Tentando se manter firme por ela.
Mas o vínculo sangrava.
A dor dela atravessava o peito dele como lâmina.
E um nó amargo subia pela garganta.
Depois de alguns instantes, ele se levantou devagar e entrou no banheiro.
Fechou a porta.
Apoiou as duas mãos na pia.
Respirou fundo, como se lutasse contra uma avalanche que ameaçava engolir tudo.
A água do banho caiu forte sobre os ombros dele, mas não apagou o peso no peito.
Quando saiu — já com o controle recuperado, ainda que aos pedaços — ele caminhou até a cama em passos len