Alice despertou no exato momento em que sentiu o colchão ceder levemente o peso conhecido, o calor conhecido.
Felipe.
Ela abriu os olhos devagar, e lá estava ele, sentado ao lado da cama, como se nunca tivesse saído dali.
— Você voltou. — disse ela, sorrindo largo, daquele jeito que só ele arrancava dela.
O sorriso dele quase apareceu… mas não chegou inteiro. Alice franziu levemente o cenho, mas decidiu ignorar por um segundo. Ela estava feliz demais por tê-lo ali.
— Você não tem ideia — continuou ela, rindo — do inferno que foi essa tarde. Não deixaram eu nem pisar no chão. Foi “senhora Orsine, sente”, “senhora Orsine, coma”, “senhora Orsine, descanse”… Eu me senti uma idosa de noventa anos mimada por oito enfermeiras.
Felipe soltou um riso curto, baixo.
E foi aí que ela percebeu.
A vibração dele.
O ar ao redor dele.
Diferente.
Não ruim. Não ameaçador. Mas… carregado demais.
Alice inclinou a cabeça, estudando-o com o mesmo cuidado com que ele sempre estudava