Ela se virou com uma lentidão quase ritualística, como se cada gesto carregasse o peso de uma história não contada.
Despiu-se sem pressa, os dedos hesitantes, e caminhou até a cama. Ela se sentou na beirada, o corpo imóvel, os olhos perdidos em um ponto invisível.
O quarto estava mergulhado em sombras suaves, onde a luz filtrada parecia suspender o tempo.
O único som era o pulsar lento de seu próprio coração, um tambor silencioso que ecoava dentro dela. Nenhum movimento quebrava a quietude, exceto o leve tremor de seus dedos entrelaçados, como se o silêncio fosse uma presença viva — envolvendo, protegendo e ao mesmo tempo aprisionando-a.
Deitou-se ali, imóvel, como quem espera por algo que sabe que não virá da mesma forma. Seus olhos, fixos no teto, pareciam buscar respostas em um vazio que só devolvia um silêncio pesado, quase sufocante.
Quando ele a tocou, o gesto tinha a familiaridade de uma coreografia antiga, repetida tantas vezes que parecia estar gravada nos ossos. Mas naquela