“Às vezes, o que salva não é o amor que recebemos, mas a mão que nos alcança quando já não gritamos mais.”
A estrada de terra se desenrolava até uma casa simples, com portas de madeira gastas pelo tempo, uma varanda com rede e um telhado baixo que parecia abraçar o lugar como um refúgio perdido no mundo.
Dayse chegou com uma mala em uma mão e o endereço gravado no coração. Suas pernas tremiam, não pelo esforço, mas pela avalanche de emoções que parecia prestes a engolir tudo.
Subiu os degraus de madeira, cada passo um desafio, e tocou a campainha.
A porta se abriu lentamente, revelando Renata.
O olhar de Dayse se fixou no de Renata, arregalado, tentando dizer algo, mas a voz se recusava a sair.
Renata sorriu, suave, como quem reconhecia aquela hesitação.
— Em que posso lhe ajudar, moça?
Dayse engoliu seco.
— Eu sou Dayse. Vim buscar meus filhos.
A voz embargada carregava anos de dor, meses de fuga e uma vida inteira de promessas não cumpridas.
Renata inclinou ligeiramente a cabeça,