Avião

— Espero que não se importem se eu terminar meu jantar.

 Sou Brenda Back — apresentei-me  sorrindo e estendendo a mão para cumprimentá-lo. — E é claro que não me importo. O avião estava sujo, mas serviria o propósito.  Afivelei o cinto de segurança e fiquei  olhando pela janela. O piloto terminou o jantar, pediu autorização e seguiu  para longe do píer, ganhou velocidade e levantamos voo.

Tentei cochilar, mas a luz do sol entrando pela janela e meu relógio biológico confuso não permitiram que eu relaxasse. Sem conseguir descansar, desafivelei meu cinto de segurança e fui perguntar a Joel quanto tempo demoraria até que pousássemos.

— Mais ou menos quanta minutos.  O céu estava limpo.

— Ele fez um gesto na direção da cadeira do copiloto.— Pode se sentar aí se quiser. Eu me sentei e afivelei o cinto de segurança.

Admirei a vista estonteante. O céu, sem nuvens e com o início do entardecer. Embaixo, o oceano Índico, em verde e azul. Um barulho estridente apita no painel, rapidamente Sr. Joel desliga — Algum problema. Está desregulado esse sensor, tinha arrumado semana passada. — Então, você é de onde? — De Boston. — O que você faz lá? — O painel apitou novamente. — Sou escritora. — Ah, férias de verão. — Bem, acho que sim. Estava com bloqueio criativo e resolvi dar um tempo pra mente. 

— Boa escolha, esse lugar é demais. Sorri.

— São mesmo mil e duzentas ilhas aqui? — perguntei.

— Joel?

— O quê? Ah, sim, mais ou menos. Mas poucas são habitadas, mas acho que isso vai mudar, muitas são particular. Tem muito empreendimento vindo pra cá.

O barulho soou novamente.  — Joel, tudo bem?

— Bem, deveria, mas está apresentando problema no motor.

—Posso te ajudar em algo? — disse  apavorada.

— Ele respirou profundamente e olhou para mim. — Obrigado de qualquer forma.

O suor gotejava pela lateral do seu rosto.

— Joel. — Meu tom era urgente. — Precisamos pedir ajuda. Ele concordou com a cabeça.

— Vou pousar o avião na água primeiro, e então chamo ajuda pelo rádio. — Ele parecia exausto também.

— Coloque o colete salva-vidas. Estão no compartimento de bagagem perto da porta. Depois sentem-se em um dos últimos assentos e afivelem o cinto. — Agora!

Meu coração estava aos pulos. Corri e fiz o que me foi ordenado.

O avião tem flutuadores, certo? Porque ele está com medo de não conseguir baixar a tempo. — Talvez seja um procedimento operacional padrão.

Estamos pousando no meio do oceano. — Encontrei os coletes salva-vidas apertados entre um recipiente em forma de cilindro que dizia BOTE SALVA-VIDAS e diversos cobertores. Colocando-o, sentei-me e apertei os cintos de segurança; minhas mãos tremiam muito.

Agarrei os braços do meu assento e olhei pela janela, percebendo a superfície ondulada do oceano se aproximando. Mas então, em vez de diminuir a velocidade, aceleramos, descendo em um ângulo íngreme. Olhei a parte da frente do avião. Joel estava apertando o painel apagado e o manche travado.

O nariz do avião deu uma guinada para cima, e atingimos a água com a cauda primeiro, quicando nas ondas. A ponta de uma asa atingiu a superfície e depois a outra e o avião rodopiou fora de controle.

O som de vidro estilhaçado encheu meus ouvidos, e tive a sensação que estava em um cilindro rolando e não só rodopiando. Em seguida, senti uma dor na cabeça no momento em que a aeronave se partiu.

 Afundei no oceano ainda presa no assento, a água do mar me sufocou imediatamente e então apaguei.

Desorientada, mas um pouco consciente do que passava ao meu redor, senti-me flutuando. Sentindo gosto de sangue, a cabeça latejando tanto que achei que fosse explodir. Ondas altas me jogava para uma encosta, e então não me lembro de mais nada.

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