Fiquei sem chão por um segundo. O mundo deu um passo atrás.
— Você nunca me disse.
— Talvez porque eu não me orgulhe. — O maxilar travou de novo.
— Desculpa — foi tudo que consegui. Sincero e insuficiente.
— Esse filho é dele, não é? — Ele não precisou dizer o nome.
Demorei um batimento. — É.
Ele cambaleou um passo para trás, como se alguém tivesse empurrado o peito dele.
O relógio da parede, caído no chão, marcava uma hora que não existia. Ficamos um tempo que eu não sei medir em silêncio.
— Se você quiser ir embora… — tentei de novo. — Eu entendo. Só… me desculpa. Eu não tive intenção de…
— Eu preciso de um tempo — ele falou, já caminhando até a porta. — Tempo pra digerir… tudo.
— Tá — sussurrei, aceitando como quem assina um recibo de perda.
A mão dele já na maçaneta. Ele parou, respirou. Os olhos vieram em mim cheios de perguntas que não tinham saída fácil.
— Por que logo agora, Mag? — O punho dele foi seco à parede, um soco que estalou no gesso. — Por que você fez isso?
— Eu não