Passei o dedo pela aba do envelope branco sobre a minha mesa, sentindo o leve relevo do “Margo & Mathew” escrito em caneta azul. Tinha acabado de acalmar a senhorita Katie na copa — a confissão dela ainda soando no fundo da cabeça — e voltei para encarar mais uma pilha de relatórios sem alma que o Misa insiste em me enviar. Antes que eu puxasse o conteúdo do envelope, bateram na porta. Ela se abriu sem cerimônia, revelando a figura impecável do senhor Patinks.
Ele enchia a moldura: terno escuro de corte perfeito, camisa clara, sapatos que refletiam a luz fria do teto. Tudo nele dizia Armani, poder e pressa. E aquele perfume — amadeirado, caro — ocupou o ar junto com o ego. O olhar de gelo, tão familiar nos traços do filho… dos filhos, agora eu sabia, passou por mim com a medida exata de superioridade e cálculo.
— Boa tarde — forcei a voz a sair formal, sem sorrir.
Alguma coisa grande tinha acontecido para ele vir até a minha sala. Misa havia brigado com o pai na copa antes? O Antony t