Queria que o chão abrisse. Queria sumir. Melhor ainda: por que não penduram logo uma faixa na entrada da empresa com minha vida sexual estampada?
— Já avisei. Tudo tem consequência — diz o senhor Patinsk, a voz baixa e afiada como lâmina.
Misa finalmente se cala, talvez percebendo que passou do limite. Tarde demais.
— Isso não vai se repetir — digo, o tom firme, o olhar direto. — Eu me demito.
— Como assim? — Misa tenta me segurar pelo ombro. Dou um tapa na mão dele, sem hesitar.
— É exatamente o que você ouviu.
— Vai jogar sua carreira fora assim? Logo agora, numa empresa tão renomada?
— Uma empresa de advocacia não tem nada a ver com minha carreira como publicitária — retruco, fria.
O senhor Patinsk fica visivelmente surpreso com a minha resposta. Ele força um sorriso.
— Acho que seu pai não vai gostar disso — comenta, abrindo a porta. — Converse com ele primeiro. Depois decide se vai preencher a papelada do RH.
Ele sai.
Fico ali, com o gosto da raiva na boca e o coração disparado n