— Pelo que eu me lembre, a gente nunca teve nada. — Minha voz sai mais firme do que eu esperava. — Eu era só a amante.
A palavra corta os dois. Mas a verdade, dita em voz alta, me rasga por dentro. Eu era só a outra. A que ele escondia. A que ele manipulava.
— Vadia — ele diz com desprezo, os olhos gélidos como os de um estranho.
Foi como um gatilho.
Matthew empurra a porta com força, fechando-a com um estrondo, e avança.
— Nunca mais a chame assim! — ele ruge, agarrando Misa pelo colarinho e o imprensando com brutalidade contra a parede.
Merda. Merda!
— PARA! — grito, mas parece que ninguém me ouve.
Os dois se encaram como dois leões em guerra, prontos para rasgar um ao outro. O sangue ferve. Os olhos de Misa ardem com raiva — e sei o que ele é capaz quando se sente ameaçado.
A porta se abre abruptamente de novo.
É o pai do Misa.
O silêncio se instala como um soco. Ele está de terno cinza-claro, a expressão severa, o cabelo grisalho perfeitamente penteado. Mas há algo de tenso em seu