E tudo passou a acontecer em câmera lenta. O tremor começou nas mãos, subiu pelos ombros. A saliva escorreu pelo canto da boca. A cabeça pendeu para trás. A convulsão veio inteira, com força. Gritei o nome dela duas, três vezes, sem resposta.
— Misa, ajuda! — Matt já ligava para o Sebastian. — Coloca no carro. Agora!
Peguei a Margo no colo — ela se debatia com violentos espasmos — e a deitei no banco de trás. Matt subiu junto, segurando a cabeça dela no colo para não bater. Dei a volta quase sem ver, liguei o motor e arranquei. As luzes da cidade eram manchas. Eu só ouvia o barulho do meu coração e o som seco dela tentando respirar.
— O que é isso? — perguntei, a voz que não era minha.
— Convulsão eclâmptica — Matt respondeu numa peça única, entre a urgência e o médico pelo viva-voz. — Pré-eclâmpsia. Ela não podia se estressar.
“Ela não podia se estressar.” A frase cravou.
Chegamos ao hospital com pneus gritando. Enfermeiros abriram as portas, uma maca apareceu do nada, e eu fiquei co