Capítulo 119

Eu já não tinha força para gastar a raiva nos móveis. A sala parecia um campo minado que eu mesmo havia detonado: uma estante sem porta-retratos, vidros pulverizados no tapete, o sofá desalinhado. Minha mãe ficou de pé, bem no meio do caos, e apenas me abraçou. Não havia sermão nem frase feita que desse conta do que eu sentia.

— Vamos tomar um banho quente, querido — murmurou, a voz pequena, como se temesse que qualquer volume a mais me rachasse por dentro.

— Eu não quero banho — respondi, infantil, áspero, feito um moleque de dez anos em pirraça. — Quero matar o seu marido.

— Não fale isso, Misa! Nem de brincadeira!

— Não é brincadeira, mãe. Olha ao seu redor. Tudo gira em torno do poder que ele quer acumular. Poder que está custando a vida da Margo.

Ela empalideceu. Ainda assim, instintivamente, defendeu o império e o imperador.

— O que o seu pai teria a ver com…?

— Para de fingir que não sabe — rebati, a voz estourando. — Não se faça de ignorante!

— Não fale assim comigo. Eu sou su
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