— Mag! — ela grita meu nome e dispara na minha direção, um borrão de cachos e meias brancas.
— Oi, minha linda… — seguro o impulso de levantar de vez e a acolho no colo, sentando com ela na poltrona do hall, porque a escada em espiral logo adiante continua sendo território proibido. — Que saudade de você.
— Eu também! O titio disse que você tava dodói, por isso sumiu. — Ela apoia as mãozinhas nas minhas bochechas, séria como quem diagnostica um caso.
“Dodói”. Melhor desculpa impossível.
— Já melhorei — respondo, ajeitando uma mecha rebelde atrás da orelha dela. — E você? O que andou aprontando?
— Tava colorindo uma revista que o titio me deu. — Os olhos verdes brilham. — Mas eu gosto mais de quebra-cabeça!
— É mesmo? Quantas peças você aguenta?
— Cem! — Ela estica os braços, como se o número coubesse entre as mãos.
Ficamos um tempo assim, a voz dela enchendo o corredor comprido com cheiro de desinfetante e giz de cera. Eu sorvo cada detalhe: o riso fácil, as bochechas rosadas, as mãos