Na sala de jantar, meu prato me espera: purê sem sal, um filezinho grelhado quase sem graça e legumes cozidos em ponto de hospital. No centro, uma travessa de churrasco cheiroso e uma lasanha que poderia ter saído da cozinha da dona Valentina. Só de olhar, o estômago reclama. A náusea vem como uma onda, súbita. Levo a mão à boca e corro.
— Tá tudo bem, filha? — Meu pai me encontra na porta do banheiro. Apoio uma mão na parede de azulejo e a outra no vaso. O gosto é ácido, o olho lacrimeja sozinho.
— Vem e vai. — lavo a boca, enxugo o rosto, tento um sorriso. — Coisas de grávida.
Ele me acompanha de volta à mesa, o tempo todo com aquele cuidado de quem carrega cristal. O almoço continua “normal” — minha mãe reclama do elevador que vai demorar duas semanas, meu pai comenta qualquer coisa sobre um fundo que ele está montando, a Emma e a Llote se cutucam ao falarem do Chris — e eu mastigo devagar, como se aprender a comer de novo fosse uma lição de casa.
Mais tarde, deitada na cama com as