Era minha mãe.
Ela entrou silenciosa no quarto, e eu a vi pelo espelho. Usava um vestido longo, de um azul profundo, feito sob medida por Graziela — um modelo exclusivo, de corte impecável e leve brilho acetinado que refletia a luz dourada do entardecer. O tecido parecia se mover sozinho, fluido, elegante, quase etéreo. Nas mãos, uma clutch de veludo marinho, adornada por fechos em cristal.
As joias eram discretas, mas de um luxo inegável — diamantes lapidados em formato de gota pendiam dos brincos; no pulso, uma pulseira fina de ouro branco; e, no pescoço, uma gargantilha de pérolas raras, herdada de minha avó inglesa, uma peça antiga e impecavelmente preservada, que parecia carregar em si séculos de elegância. Minha mãe estava impecável, a personificação da sofisticação.
Ao entrar, fechou a porta devagar.
— Meu filho… você está lindo — disse, ajustando minha gravata com as mãos delicadas. — Estou orgulhosa de você. Meu primogênito… casando-se. — A voz vacilou no fim da frase.
Ainda