Já no quarto do hotel, Clara começou a se sentir mal. O enjoo veio de repente. Enquanto ela se inclinava sobre a pia, eu segurava seus cabelos e alisava suas costas numa tentativa inútil de aliviar o desconforto.
Quando terminou, tirou o vestido e entrou para um banho demorado. A água escorria por seu corpo frágil, e tudo o que eu queria era poder tirar dela aquela sensação ruim. Assim que saiu do banho, tomou um comprimido e se deitou, apenas com o roupão entreaberto, deixando à mostra parte da pele pálida.
Ver Clara daquele jeito me corroía. Eu me sentia impotente, tentando, de qualquer forma, deixá-la ao menos confortável. Logo ela adormeceu — o rosto sereno, o corpo encolhido sob o lençol. Fiquei ali, observando-a, e um turbilhão de lembranças me invadiu. Quatro meses atrás eu era só — cercado de gente, de mulheres, de compromissos, mas vazio. Nenhuma delas havia despertado em mim o desejo de ficar, de cuidar, de amar. Clara mudou tudo.
O amor que eu sentia por ela era tão forte q