Entrei no hospital com passos contidos. O lugar era frio, banhado por luzes brancas impessoais, e o cheiro forte de antisséptico parecia impregnar tudo, inclusive os pensamentos.
Segui até a recepção.
— Bom dia, gostaria de ver a senhorita Beatriz, que deu entrada hoje pela madrugada.
A recepcionista assentiu. Sem esboçar qualquer reação, consultou o computador e informou o número do quarto. Agradeci com um gesto breve e entrei no elevador, que subiu em absoluto silêncio, como se respeitasse o peso daquele momento.
Quando as portas se abriram, deparei-me com um corredor longo demais, quase infinito. O silêncio era quebrado apenas pelo eco dos meus próprios passos. Ao fim dele, finalmente, o quarto indicado. Dois policiais guardavam a porta — o preço de se estar ali como foragida. Apresentei-me, trocaram um olhar rápido entre si e liberaram minha entrada.
Empurrei a porta com cuidado.
Beatriz estava semi-deitada no leito. A imagem me atingiu de imediato. Os cabelos loiros e longos que