A sala estava cheia de vozes baixas e risos suaves. Era raro termos um momento de calmaria naquela casa, e eu tentava me forçar a aproveitar. Sofia acariciava a barriga redonda, Alessandra contava uma história da juventude, Isabella brincava com um dos brinquedos do irmão no tapete. Matteo ainda não tinha voltado da missão do dia, mas ele disse que era simples. Rápida. Rotina.
Rotina.
Até o grito.
— MATTEOOOO!
A voz de Verônica cortou o ar como uma navalha. Tensa, estrangulada, desesperada.
O copo escorregou das minhas mãos e se espatifou no chão, estilhaçando o pouco da paz que ainda existia no meu peito. Meu coração parou.
— Não… — murmurei, já correndo em direção ao som.
E então ele entrou.
Matteo apareceu na porta da sala, apoiado em Giovanni. O sangue escorria do braço esquerdo, manchando a camisa social branca, agora vermelha demais. O rosto estava tenso, os dentes cerrados, os olhos buscando os meus. Estava acordado. Consciente. Mas ferido.
— Angeline! — ele me chamou,