O céu estava limpo naquela manhã. Daqueles dias em que o sol é gentil, o vento sopra devagar e até o silêncio parece respeitoso. Eu sabia que seria um dia diferente. Um dia necessário.
Miguel segurava minha mão com firmeza enquanto caminhávamos devagar entre os caminhos estreitos do cemitério. Do outro lado, Giulia pulava de pedra em pedra, sem nunca soltar os dedos do pai. Usava um vestidinho branco que ela mesma escolheu — “porque branco é cor de nuvem e de paz, mamãe Isa”, ela disse.
Eu sorri. Ela me chama assim agora. De vez em quando, ainda com um pouco de cuidado, mas já me chama. E toda vez que o faz, é como se um novo alicerce se formasse dentro de mim. Um laço que não se força, apenas se constrói. Dia após dia.
Chegamos ao túmulo. Era simples, bonito e sereno. O nome de Helena gravado em letras douradas sobre a pedra branca. Uma pequena moldura com uma foto ao lado. Ela era linda. E serena. Eu já tinha visto fotos antes, mas ali, diante dela, senti algo diferente. Um respeito