O sol ainda nascia tímido quando desci as escadas e encontrei Miguel já de camisa social clara, a manga dobrada até os cotovelos, e Giulia terminando o cereal com os pés balançando no ar. Ele me olhou com aquele sorriso calmo e me estendeu uma xícara de café como se fosse um gesto antigo entre nós.
Estávamos nos habituando a isso — à rotina compartilhada, aos pequenos gestos.
— Está pronta para enfrentar o mundo, señorita? — ele perguntou brincando, ajeitando a mochila de Giulia.
— Acho que nunca estive — respondi com uma meia risada, pegando minha bolsa.
O trajeto até a escola foi leve. Giulia tagarelava no banco de trás sobre a apresentação de ciências, e Miguel ria das explicações mirabolantes que ela dava sobre planetas e foguetes de papel. Tudo deveria ser perfeito.
Mas não foi.
Assim que estacionamos e caminhamos juntos até o portão da escola, senti. Os olhares. O cochicho abafado de mães com coques perfeitamente arrumados, roupas elegantes e saltos caros. As mesmas que um dia j