As paredes da sala pareciam absorver o silêncio, deixando apenas o som suave da respiração de Serena no berço, a luz do abajur desenhando sombras delicadas no rosto dela. Eu deveria estar em paz olhando para a minha filha, mas dentro de mim só havia um peso sufocante. A lembrança das telas quebradas, dos capuzes nas câmeras de segurança, do alarme ecoando como um grito de alerta, tudo ainda queimava na minha mente.
Giulia estava ao meu lado no sofá, enrolada em uma manta leve. Os olhos castanhos dela me observavam com uma mistura de medo e ternura, como se conseguissem atravessar todas as defesas que eu tentava erguer. Ela não precisava de palavras para saber o que estava acontecendo comigo.
— Você está muito quieto… — a voz dela veio baixa, quase um sussurro, mas cortou o ar carregado como uma lâmina. — O que descobriu lá?
Engoli seco, desviando o olhar por um instante para a xícara de chá esquecida sobre a mesa. Não queria assustá-la, não queria transferir para ela o peso que eu car