As palavras daquela ligação não saíam da minha cabeça. Dormi pouco naquela noite, entre sonhos confusos e o som metálico da voz repetindo frases como um mantra de terror. Quando finalmente o dia clareou, já sabia que não poderia continuar ignorando a desconfiança que tinha surgido dentro de mim.
Miguel sempre foi mais do que o pai de Giulia. Para mim, desde que me aproximei dessa família, ele se tornou um pilar de confiança. Diferente do meu próprio pai, ele olhava para mim como quem enxerga um homem e não apenas um herdeiro. Talvez por isso, naquela manhã, eu soubesse exatamente para onde precisava ir.
Dirigi até a sede da empresa dele. O prédio imponente de vidro refletia o céu azul de Madrid, e a fachada parecia tão sólida quanto o próprio Miguel. Respirei fundo antes de entrar, sabendo que não seria fácil admitir em voz alta aquilo que até agora eu só tinha deixado rondar minha mente.
A recepcionista me cumprimentou com formalidade, mas não demorou a me encaminhar até a sala de Mi