O despertador tocou às seis em ponto, ecoando no silêncio do meu novo apartamento. Por um momento, fiquei ali, olhando para o teto, tentando acreditar que aquele realmente era o meu teto. Não o do quarto cor-de-rosa na casa do Brasil, nem o da casa em que cresci com Miguel e Isa. Mas meu. Em Londres.
Suspirei e me forcei a sair da cama. O frio da manhã me fez estremecer quando coloquei os pés no chão, e o café que não tomei ontem à noite passou pela minha mente como uma promessa de sobrevivência.
No banheiro, a água quente foi um alívio enquanto eu repetia mentalmente que estava pronta para o primeiro dia na King’s College London. O nome soava imponente até demais para mim, mesmo que eu tivesse batalhado cada segundo para chegar ali. Medicina. Era um sonho antigo, nascido das longas visitas ao hospital e das mãos gentis que haviam salvado minha vida tantas vezes.
Quando terminei de me arrumar, observei meu reflexo no espelho: calça jeans escura, suéter creme, cabelos presos em um rabo