Narrado por Maia

O sol mal tinha subido e eu já estava acordada, deitada numa das suítes da ala de hóspedes da mansão Hackman. A cama era confortável, o lençol parecia recém-saído de alguma lavanderia suíça, e o silêncio da casa era acolhedor. Mas eu não conseguia dormir.

Talvez fosse o jantar da noite anterior.

Talvez fosse ele.

Bento.

Levantei, tomei um banho rápido e vesti uma roupa leve. Um vestido claro, cabelo preso, boca sem cor. Ainda era cedo demais para maquiagem e máscaras. Desci as escadas devagar, cruzando com um dos empregados que me ofereceu café. Recusei. Eu queria Ava.

Encontrei ela na varanda dos fundos, sentada de frente pro jardim, com as pernas dobradas e uma xícara entre as mãos. Estava linda, como sempre, mas com aquele ar sereno que só a maturidade e o poder bem-posicionado conseguem dar.

Ava:

— Dormiu bem?

Maia:

— Dormi. Mas acordei com coisas demais na cabeça.

Ela deu um sorriso discreto.

Ava:

— Aconteceu alguma coisa?

Me sentei ao lado dela, puxando a perna