Narrado por Gregório
A mansão tava silenciosa demais quando voltei. As luzes baixas, o cheiro de lavanda no ar. Tudo dava a sensação de paz, mas eu não tinha nenhuma pra oferecer.
Subi devagar as escadas, abri a porta do nosso quarto sem fazer barulho. Ava tava deitada na cama, de camisola preta, lendo algum livro de capa dura com o cenho levemente franzido. Ela olhou por cima da borda da página e fechou o livro no mesmo instante em que me viu parado na porta.
Ava:
— Pela sua cara, não são boas notícias.
Fechei a porta atrás de mim e comecei a tirar o paletó devagar.
Gregório:
— Eu preciso sair do país.
Ela ficou me olhando, esperando mais.
Ava:
— Por quanto tempo?
Gregório:
— Três, quatro dias no máximo.
Ava:
— Pra onde?
Gregório:
— Varsóvia.
Ela soltou um suspiro pesado e apoiou o livro na mesinha de cabeceira.
Ava:
— E eu posso saber o motivo? Ou você vai me dizer que é “assunto de trabalho” e esperar que eu aceite como sempre?
Sentei na beira da cama, olhando direto nos olhos dela