Samba-canção perigoso
Jantamos em silêncio, coisa rara para nós dois. Não era aquele silêncio pesado, não… era um silêncio de cumplicidade, de quem já tinha falado demais o dia inteiro. Eu só queria sentir a presença dela perto de mim, mastigando devagar, mexendo no prato como se fosse dona de tudo.Terminamos, organizamos tudo, lavamos a louça juntos — eu tirando, ela lavando, como sempre. Aimée é prática até nisso. Depois ela disse:— Enquanto você escova os dentes, eu vou ligar pra mamãe.— Vamos escovar juntos — respondi, rápido. — Eu quero falar com a sua mãe também.Ela arqueou a sobrancelha, desconfiada. — Então tá. Mas nada de piadinhas, hein?— Eu? Piadinhas? — Sorri daquele jeito que a fazia revirar os olhos.Escovamos os dentes lado a lado, espremidos no espelho, cada um com sua espuma de pasta de dente, rindo feito criança. Ela fazia caretas, empurrava meu ombro, cuspia água rindo. A cena era tão doméstica qu