MATTEO MANCINI
O sol de Milão, antes um brilho convidativo, agora parecia um holofote implacável sobre a farsa que eu vivia. Cada amanhecer trazia a mesma rotina dolorosa. Acordar ao lado de Alexia na minha cama era uma tortura silenciosa. A proximidade era uma ilusão cruel, pois embora estivéssemos a centímetros de distância, um oceano de silêncio e mentiras nos separava. Eu sentia o calor sutil que emanava de seu corpo adormecido, o cheiro de seu shampoo recém-lavado que se aninhou no travesseiro ao lado do meu, e a cada respiração dela, uma pontada de desejo reprimido me atravessava. Era uma prisão fria de uma luxúria que não podia ser saciada, uma frustração que me corroía por dentro. Nossas mãos, por vezes, se roçavam acidentalmente ao pegar um copo na cozinha ou ao passar um pelo outro no corredor estreito. Cada toque, por mais inocente que fosse, era um lembrete doloroso do abismo que se abria entre nós, um abismo cavado pelas próprias mãos que ajudaram a erguer aquela mentir