Samanta ficou parada na soleira da porta, o ar subitamente rarefeito, como se todo o oxigênio do ambiente tivesse sido sugado pela presença sentada diante dela.
Laura Martins.
Não havia como negar. Os traços eram os mesmos da foto que ela encontrara anos antes, esquecida entre papéis antigos do jornal, que o pai dela guardou por um tempo. Os mesmos olhos verdes, a mesma postura altiva e elegante de uma mulher acostumada a comandar salas e silenciar multidões com um levantar de sobrancelhas. Estava ali, sentada em sua poltrona, como se tivesse qualquer direito.
O sangue gelou nas veias de Samanta.
— O que você está fazendo aqui?
A voz saiu baixa, quase rouca, mas firme. Sua mão agarrou o trinco da porta com força, como se precisasse se ancorar no mundo real para não desaparecer em um vendaval emocional.
Laura se levantou devagar. Seus movimentos eram suaves, calculados. Seu terninho de cachemira vinho e a camisa de seda preta, impecáveis.
- Sam, por que essa hostilidade gratuita? – La