Alberto
A sala de reuniões do Hospital da Clínica Portuguesa parecia ainda mais fria do que nas outras vezes. As luzes brancas, os cantos assépticos e as paredes em tons pálidos de cinza e azul inverno, transmitiam um ar de tensão silenciosa.
Alberto estava sentado ao lado da cabeceira da mesa longa, com os braços cruzados e os olhos semicerrados. A tensão nos músculos do maxilar denunciava o esforço que fazia para manter a compostura. Estava prestes a ouvir um veredito que poderia alterar tudo.
Outra vez.
A oncologista, doutora Miriam Torres, deu início à reunião com o mesmo profissionalismo de sempre. Mas desta vez, sua expressão era grave, e os outros médicos, o hepatologista e o obstetra de gestações de alto risco, traziam consigo prontuários espessos e olhares carregados de preocupação.
— Senhor Darius, infelizmente os exames de imagem recentes, mostram que a progressão do tumor começou a acelerar — disse a doutora Miriam, deslizando um laudo sobre a mesa em sua direção. — As taxa