Dominic Willians
A verdade pesava no meu bolso, dobrada em quatro partes, comprimida como se pudesse conter a avalanche que estava prestes a desabar. Mas nenhum pedaço de papel poderia me preparar para o que eu veria quando, depois de ir para minha sala novamente, pois não a havia encontrado em lugar nenhum, decidi voltar a procurá-la, abri a porta da sala dela.
Stella estava de pé, de costas para mim, ajeitando umas amostras de materiais sobre a bancada de apoio. O cabelo preso com uma caneta, como sempre fazia quando queria se manter ocupada demais para pensar. Mas os ombros denunciavam o que a boca não diria: tensão. Culpa. Medo.
Fechei a porta atrás de mim. Ela virou lentamente, como se já soubesse quem era.
— Dominic… — a voz dela falhou, mas se recompôs num segundo. — Precisa de alguma coisa?
Me aproximei. Um passo. Depois outro. Parando a menos de um metro.
— Preciso. Preciso da verdade.
Ela mordeu o lábio, desviou o olhar, mas não recuou.
— Já falei tudo o que tinha pra falar.