(POV Selene)
O chão da caverna improvisada ainda carregava as manchas da caçada passada. O ferro seco grudava nas paredes, lembrança de que os caçadores não desistiriam tão cedo. Mas naquela manhã, não havia inimigos à vista.
Só eles.
Só nós.
E eu, no centro.
O saco de areia não bastava mais. Nem os socos contra a madeira, nem as corridas pelo corredor estreito. Meu corpo pedia mais. O selo ardia, exigindo mais.
E eles ouviram.
— Hoje não vai ser brinquedo. — Ronan disse, girando a lâmina curta na mão como se fosse extensão do próprio braço. Os olhos negros estavam cravados em mim, firmes, intensos.
— Hoje você enfrenta dois. — completou Dorian, cruzando os braços largos, a voz grave ecoando pela caverna. — Pedra e fogo contra você.
Engoli em seco.
Eu devia recuar. Devia hesitar. Mas não.
O selo queimava e minha pele vibrava.
— Dois contra um? — ironizei, ergui o queixo. — Isso parece injusto.
Ronan riu baixo, um som rouco, sem humor. — Para você.
Dorian não riu.
Ele apenas entrou no