Finalmente, Clara decidiu usar o carro de Henrique. Ela ainda o chamava de “o carro do Henrique”. Não sentia que o carro era dela, mas precisava ser prática. O céu estava carregado desde cedo, coberto por nuvens espessas e cinzentas. A previsão para a semana toda era de chuva, e seria muito mais fácil levar Antônio para a escola e ir trabalhar de carro.
Ela abriu o veículo e se deparou com plásticos para todo lado, e então começou a remove-los. Ele era do jeito que Antônio sempre sonhou. Clara se lembrava de quando Henrique perguntou algumas vezes a respeito de cores de carro que ela e o filho gostavam, se achavam que ele deveria trocar a cor dos bancos de couro do carro dele... Era uma forma de descobrir as preferências dos dois. E, de fato, o carro era a cara deles. O azul do carrinho preferido do Antônio, as rodas escuras iguais às de um filme que eles assistiram juntos, o banco de couro preto que ela sempre achou bonito, e o fato de ser elétrico, como era o sonho de Clara e do