Clara acordou no dia seguinte com o corpo pesado, como se tivesse passado a noite inteira fugindo de um incêndio que ainda queimava por dentro. Se fosse possível, ela queria apenas não se movimentar, mas fez certo esforço e olhou o celular pela décima vez, ainda esperando, contra toda lógica, uma nova mensagem de Henrique. Mas tudo continuava igual. Nenhum sinal, retratação ou explicação além daquela frase congelada na tela, impessoal e fria.
O despertador tocou e ela não teve forças para levantar. Apenas virou de lado e ficou ali, com o travesseiro ainda úmido pelas lágrimas. Antônio deveria estar se aprontando para a escola, como sempre fazia. Ela sabia que precisava levantar, a vida precisava seguir, apesar de sua dor, mas não conseguia. Pegou o celular e escreveu uma mensagem para Tati com os dedos trêmulos:
"Você pode levar o Antônio para a escola hoje? Eu não tô me sentindo bem. Por favor."
A amiga respondeu em menos de um minuto:
"Já tô subindo. Eu levo ele e na volto b